O desafio de educar meninos no século XXI admin-prontobaby setembro 4, 2018

O desafio de educar meninos no século XXI

Com as redes sociais, vivemos uma era de extremismos. Até os atos mais inocentes, como brincadeiras infantis, podem ser alvo do ódio na internet. E nem os famosos estão livres disso: recentemente, a cantora Sandy mostrou o filho Theo brincando de boneca em sua websérie, “Nós Voz Eles”, e gerou ofensas entre alguns internautas mais exaltados – e irracionais, convenhamos.

Comportamentos masculinos estereotipados, como brutalidade e não demonstrar emoções, podem ganhar eco nas redes, e aí se torna um desafio ainda maior ensinar aos meninos o conceito de respeito, com tantas influências externas. Confira algumas dicas práticas para superar isso no dia a dia.

Não é não!

O primeiro passo para criar crianças respeitosas é a noção de limites. Quem não ouve “não” em casa terá dificuldades na escola, no mercado de trabalho e na vida pessoal. “A partir das primeiras interações com o mundo, desde bebê, podemos incluir o ‘não’ no vocabulário infantil. Isso ajuda a criança a limitar seu mundo, a obedecer regras e a saber até onde pode se aventurar na vida”, afirma Adriana Cabana, psicóloga do grupo Prontobaby.

Respeito às meninas desde cedo

Machismo não é algo que surja do nada na vida adulta, e sim resultado de anos de influências machistas, seja da criação, seja da cultura. Pelo menos no que tange à criação, podemos fazer a nossa parte para que o filho respeite as mulheres no futuro.

“O melhor exemplo é sempre o de dentro de casa. Os filhos são o espelho dos pais. Se dentro de casa a família vive um ambiente de respeito entre homens e mulheres, essa prática será seguida pelos meninos até a idade adulta. Ambiente favorável ao respeito fará adultos respeitadores. Um ambiente desfavorável ao respeito, hostil, com relações interpessoais agressivas e perversas, levará para o mundo adultos sem referência de respeito a um outro, seja ele homem ou mulher”, explica a psicóloga.

Da mesma maneira, a colaboração dentro de casa deve ser incentivada desde cedo. “Meninas e meninos podem compartilhar de atividades domésticas, assim como meninas podem jogar futebol e meninos podem brincar de boneca. Lembre-se: as crianças são o espelho dos pais; somos nós que dizemos a eles o que é machismo e o que é feminismo. Ajudar nas tarefas domésticas faz com que o menino participe da rotina familiar e perceba que, no mundo, homens e mulheres são iguais, podem ser quem eles quiserem, independentemente de serem meninas ou meninos.”

Respeito às diferenças

Outro ponto delicado na criação dos meninos é o bullying. Claro que também há meninas que o praticam, mas é comum o grupo de “valentões” da escola ser composto majoritariamente por meninos.

O bullying normalmente tem como alvo as crianças com características físicas ou comportamentais diferentes do considerado “padrão”. E nesse ponto a masculinidade tóxica tem um papel preponderante, seja estimulando a brutalidade dos meninos, seja ofendendo garotos que não são considerados “másculos” o suficiente pelo grupo. Se seu filho for um dos “valentões”, achar que é só uma fase, que vai passar, não é a atitude correta.

“Em primeiro lugar, devemos sempre estar atentos às amizades e companhias de nossos filhos. Devemos sempre sinalizar quando qualquer comportamento for inadequado, violento e desrespeitoso. A infância e a adolescência são permeadas de momentos formadores de caráter. Se estimularmos tal comportamento ou ‘fingirmos’ que não vimos, ou encará-los como ‘coisas de criança’, estaremos entregando ao mundo adultos com sérios problemas de relacionamento interpessoal”, alerta a especialista.

“Conversar sempre sobre o assunto, colocar o respeito às diferenças na pauta das discussões familiares é sempre a melhor dica. Mas se o comportamento causou dano a outro, é preciso repreender e fazer a criança perceber que ela de fato causou um mal. A repreensão deve sempre partir de uma ‘boa bronca’ direcionada para uma conversa longa. Caso o comportamento persista, busque a ajuda de um profissional para entender a causa do desvio de comportamento”, aconselha.

Link original | Por Gisele Navarro para Ana Maria Braga, com colaboração de Adriana Cabana | 04/09/18

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