Com as redes sociais, vivemos uma era de extremismos. Até os atos mais inocentes, como brincadeiras infantis, podem ser alvo do ódio na internet. E nem os famosos estão livres disso: recentemente, a cantora Sandy mostrou o filho Theo brincando de boneca em sua websérie, “Nós Voz Eles”, e gerou ofensas entre alguns internautas mais exaltados – e irracionais, convenhamos.
Comportamentos masculinos estereotipados, como brutalidade e não demonstrar emoções, podem ganhar eco nas redes, e aí se torna um desafio ainda maior ensinar aos meninos o conceito de respeito, com tantas influências externas. Confira algumas dicas práticas para superar isso no dia a dia.
Não é não!
O primeiro passo para criar crianças respeitosas é a noção de limites. Quem não ouve “não” em casa terá dificuldades na escola, no mercado de trabalho e na vida pessoal. “A partir das primeiras interações com o mundo, desde bebê, podemos incluir o ‘não’ no vocabulário infantil. Isso ajuda a criança a limitar seu mundo, a obedecer regras e a saber até onde pode se aventurar na vida”, afirma Adriana Cabana, psicóloga do grupo Prontobaby.
Respeito às meninas desde cedo
Machismo não é algo que surja do nada na vida adulta, e sim resultado de anos de influências machistas, seja da criação, seja da cultura. Pelo menos no que tange à criação, podemos fazer a nossa parte para que o filho respeite as mulheres no futuro.
“O melhor exemplo é sempre o de dentro de casa. Os filhos são o espelho dos pais. Se dentro de casa a família vive um ambiente de respeito entre homens e mulheres, essa prática será seguida pelos meninos até a idade adulta. Ambiente favorável ao respeito fará adultos respeitadores. Um ambiente desfavorável ao respeito, hostil, com relações interpessoais agressivas e perversas, levará para o mundo adultos sem referência de respeito a um outro, seja ele homem ou mulher”, explica a psicóloga.
Da mesma maneira, a colaboração dentro de casa deve ser incentivada desde cedo. “Meninas e meninos podem compartilhar de atividades domésticas, assim como meninas podem jogar futebol e meninos podem brincar de boneca. Lembre-se: as crianças são o espelho dos pais; somos nós que dizemos a eles o que é machismo e o que é feminismo. Ajudar nas tarefas domésticas faz com que o menino participe da rotina familiar e perceba que, no mundo, homens e mulheres são iguais, podem ser quem eles quiserem, independentemente de serem meninas ou meninos.”
Respeito às diferenças
Outro ponto delicado na criação dos meninos é o bullying. Claro que também há meninas que o praticam, mas é comum o grupo de “valentões” da escola ser composto majoritariamente por meninos.
O bullying normalmente tem como alvo as crianças com características físicas ou comportamentais diferentes do considerado “padrão”. E nesse ponto a masculinidade tóxica tem um papel preponderante, seja estimulando a brutalidade dos meninos, seja ofendendo garotos que não são considerados “másculos” o suficiente pelo grupo. Se seu filho for um dos “valentões”, achar que é só uma fase, que vai passar, não é a atitude correta.
“Em primeiro lugar, devemos sempre estar atentos às amizades e companhias de nossos filhos. Devemos sempre sinalizar quando qualquer comportamento for inadequado, violento e desrespeitoso. A infância e a adolescência são permeadas de momentos formadores de caráter. Se estimularmos tal comportamento ou ‘fingirmos’ que não vimos, ou encará-los como ‘coisas de criança’, estaremos entregando ao mundo adultos com sérios problemas de relacionamento interpessoal”, alerta a especialista.
“Conversar sempre sobre o assunto, colocar o respeito às diferenças na pauta das discussões familiares é sempre a melhor dica. Mas se o comportamento causou dano a outro, é preciso repreender e fazer a criança perceber que ela de fato causou um mal. A repreensão deve sempre partir de uma ‘boa bronca’ direcionada para uma conversa longa. Caso o comportamento persista, busque a ajuda de um profissional para entender a causa do desvio de comportamento”, aconselha.
Link original | Por Gisele Navarro para Ana Maria Braga, com colaboração de Adriana Cabana | 04/09/18