Enfrentar o verão carioca em uma região quente como a Zona Oeste do Rio não é das tarefas mais fáceis. Agora imagine passar cerca de cinco horas em um ambiente fechado, em que a ventilação nem sempre funciona ou dá conta das altas temperaturas. Esta é a realidade de muitas escolas municipais da região. Por isso, o anúncio da Prefeitura do Rio sobre a climatização de 92 escolas na Zona Oeste trouxe alívio a cerca de 135 mil alunos que estudam nas unidades.
— Com certeza, o novo sistema de refrigeração vai ajudar bastante, ainda mais agora que meu filho vai estudar no turno da tarde. Sem sofrer com o calor, as crianças aprendem mais e ficam mais calmas em sala de aula — afirma a dona de casa Cintya Santos, de 27 anos, mãe do aluno Caio da Silva, da Escola municipal Frei Vicente do Salvador, em Padre Miguel.
Ao todo, 263 escolas da rede pública devem passar a contar com sistema de refrigeração nas salas de aula ainda neste verão. O investimento total das obras prometido é de R$ 20 milhões. De acordo com a prefeitura, as instalações estão sendo feitas e a previsão de término é de, no máximo, 45 dias. Para dar mais agilidade ao trabalho de instalação dos aparelhos de ar-condicionado, os processos serão descentralizados, mas sob a supervisão, o acompanhamento e a fiscalização da Empresa municipal de Urbanização (Riourbe).
No entanto, apesar do anúncio ter alegrado milhares de alunos, outros estudantes ainda vão sofrer por mais algum tempo:
— Dou aula em uma escola que ainda não foi atendida com o projeto de climatização. Os alunos ficam irritados com o calor — conta uma professora da rede municipal de ensino, que não quis se identificar por medo de represálias.
Ainda segundo a prefeitura, o processo de climatização de todas as unidades terá serviços diferenciados, pois algumas escolas já têm etapas cumpridas. Entre as obras previstas estão intervenções elétricas para receber o reforço de carga; além da instalação de aparelhos de ar-condicionado e adequação de distribuição de carga. Durante o anúncio da medida de climatização, realizado no dia 15 deste mês, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, destacou a importância do papel dos professores na formação dos futuros cidadãos.
— Nós temos que cuidar de nossas crianças. Elas são 35% da população, mas 100% de nosso futuro. Cuidem de nossas crianças.
Os bairros da Zona Oeste carregam a tradição de ter o verão mais quente do Rio de Janeiro, com os relógios de rua quase sempre marcando temperaturas próximas aos 40 graus. Por isso, segundo a prefeitura, a conclusão do processo de climatização é uma das prioridades. Hoje, 83% das 1.539 unidades escolares administradas pela prefeitura já são climatizadas.
Segundo a pediatra e gerente médica do CTI pediátrico do Prontobaby, Priscila Sillero, o calor pode atrapalhar muito a saúde e o desempenho das crianças dentro das salas de aula:
— Com o desconforto térmico, os pequenos têm dificuldade na concentração, agitação psicomotora e diminuição na capacidade de assimilação. Em casos extremos de calor, eles podem até mesmo apresentar sintomas físicos, como queda da pressão sanguínea, mal-estar e desidratação. É importante que as salas sejam refrigeradas — explica.
De acordo com a secretária municipal de Educação do Rio, Talma Suane, a descentralização das obras dará mais agilidade ao trabalho, permitindo que já nos primeiros dias do ano letivo — com início marcado para o dia 11 de fevereiro — as refrigerações estejam sendo concluídas.
Fonte: Extra