Pais dão apoio fundamental para a amamentação de seus filhos admin-prontobaby agosto 13, 2017

Pais dão apoio fundamental para a amamentação de seus filhos

RIO —Um recente estudo sueco publicado no periódico científico “Scandinavian Journal of Caring Sciences” concluiu que a falta de apoio do pai está entre os fatores que prejudicam a continuidade do aleitamento materno após o sexto mês de vida da criança, o que foge às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para a nutróloga pediátrica Aline Magnino, do Grupo Prontobaby, comemorar o Dia dos Pais em agosto, período de conscientização sobre amamentação em 120 países, é uma oportunidade de incentivar a presença masculina nesse processo. Para a especialista,a amamentação marca um momento precioso na vida de um casal, e o apoio deles é determinante no processo, ainda mais quando se trata do primeiro filho.

Esse foi o caso, por exemplo, da psicóloga Catarina Machado, de 35 anos, e do engenheiro Michel de Souza, de 38 anos, cujo primeiro filho, Bento, de 7 meses, chorava demais por sentir muitas cólicas. Os dois ouviram muitas opiniões contrárias à recomendação da OMS sobre o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês, mas se mantiveram firmes. No entanto, isso não significou um isolamento. Ambos frequentam encontros de casais a cada 15 dias em que os pais levam seus bebês e promovem atividades para eles.

— Ao invés de fortalecer o que é mais bonito e saudável, muitas pessoas acabam presumindo uma informação errônea. Estamos na etapa de introdução alimentar, oferecendo para frutas, legumes e verduras, mas o leite materno ainda é a principal fonte. Fomos descobrindo o Bento juntos, sem que eu precisasse guiar de alguma forma, porque eu sempre disse que o Michel não ajuda, ele é pai e age como pai. Eu tinha meus medos se estava fazendo certo, mas tinha ele ao meu lado. Para os pais que são ativos, esse é um caminho maravilhoso, e a família se constrói junto — afirma Catarina, cujo marido negociou licença no trabalho, juntando férias e outros benefícios, para participar ativamente durante dois meses após o parto.

— A gente desejava muito ter um filho. Acho que o mais difícil no começo foi o cansaço, mas agora o Bento está com horários mais ritmados para dormir. Tirando a alimentação, o resto a gente divide. Agora chego mais tarde ao trabalho para ficar com ele pela manhã e, quando volto para casa, dou banho nele e o coloco para dormir. Nos fins de semana, a gente vai à praia e o Michel também faz natação. Fico mais nessas tarefas de trocar fralda, brincar, distrair, mas sem televisão ou aparelhos eletrônicos. Na verdade, isso tudo não é tarefa, é prazer, é vida — contou Michel.

A OMS indica ainda o recém-nascido pode continuar recebendo leite materno até por volta de 2 anos, em conjunto com alimentos apropriados. Assim, Catarina não tem planos de desmamar. A mãe garante que quem vai mostrar o momento certo é o Bento.

 

Catarina optou pelo aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de Bento – Arquivo pessoal

 

No entanto, para Patricia Pereira, de 31 anos, esse prosseguimento foi um desafio. Seu marido, Cristiano Mannarino, de 37 anos, buscou ajuda especializada para sanar as dúvidas do casal, e ela criou uma rotina para continuar o aleitamento durante o trabalho, até o filho deles, Pedro, completar 1 ano. Assim, a pediatra passou a armazenar o leite com a ajuda das nutricionistas do hospital onde trabalha e levava para casa ao fim do dia.

Para o casal Paula Andrade, de 46 anos, e Marcelo Virmond, de 52 anos, a principal dificuldade foi saber sobre como seria a amamentação depois de uma mastectomia. Aos 33 anos, a mãe de Frederico enfrentou um câncer de mama agressivo, mas quando engravidou, já curada do câncer, conseguiu amamentar com um seio só. Segundo ela, o sentimento de forte vínculo que construiu com o filho foi o que mais a marcou.

— Estamos casados há 20 anos e o Marcelo sempre esteve do meu lado. Quando o Frederico nasceu, eu queria muito amamentar e ia tentar de qualquer jeito. A amamentação desde o primeiro dia foi muito tranquila. A presença do companheiro, do marido (nesse processo), é fundamental. Você se sente inteira para poder se doar para a criança — ressaltou Paula.

A assistente social Kelly Barbosa, de 37 anos, contou que tentava absorver cada orientação que recebia, mas depois acabou se sentindo prejudicada por isso, sentindo dor enquanto alimentava o filho Cauã. Assim, seu marido, o contator Anderson de Souza, de 38 anos, aconselhou que o casal estabelecesse uma rotina a respeito da interferência das outras pessoas, o que contribuiu para seu bem-estar e o do bebê.

— Nós mulheres muitas vezes reclamamos da falta de presença do pai, mas, por outro lado, acabamos achando que eles não têm como ajudar em relação à amamentação. Isso está errado! Além do apoio nas questões práticas, meu marido me ajudou a ver qual era meu real desejo e a pensar em mim mesma, me dando confiança para bloquear as influências externas — disse.

Link original | Jornal O Globo | 13/08/2017

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