04
A disseminação do novo coronavírus tem sido assunto recorrente no Brasil, em especial após a confirmação de dois casos nacionais e o aumento das suspeitas de contágio.
Com isso, aumentaram também as fake news, os boatos e as informações exageradas sobre o vírus, o que pode causar pânico não só entre adultos, mas nas crianças.
Evitar o pânico
Como explicar a doença?
De forma simples e direta: que se trata de um novo vírus, de transmissão respiratória, como tantos outros que circulam entre nós. Pode-se dizer que não há vacina e que por isso é importante a prevenção.
Não alarme os pequenos
O coronavírus é uma doença respiratória e, para evitá-la, é preciso tomar os mesmos cuidados que deveríamos adotar com a gripe, por exemplo. Não há motivo para pânico quando os cuidados de higiene são adotados.
Não é necessário ressaltar o número de mortes porque pode criar uma percepção de risco maior do que é de fato.
Meu filho está espirrando. O que fazer?
No cenário atual, nada muda. Ou seja: com ou sem coronavírus, se a criança está doente, especialmente com doenças febris ou respiratórias, não é para levá-la para a escola. Estas doenças são transmissíveis. Se não há doença alguma, gripe, diarréia, conjuntivite, a vida segue normal.
Cuidados na escola
Meu filho está com suspeita da doença
Crianças que apresentam sintomas de coronavírus e se encaixam na classificação de caso suspeito não devem ir à escola. A medida deveria ser adotada em qualquer quadro de doença respiratória. A higienização total da sala também deve ser feita e as aulas podem transcorrer normalmente.
E se o coleguinha tem os sintomas?
Criança com tosse, febre, coriza e outros sintomas tem todo dia na escola. Infelizmente os pais levam seus filhos para o colégio mesmo doentes. Basta abaixar a febre, por exemplo. E isso ocorre, muitas vezes, por desconhecimento. Em relação a sintomas inespecíficos, hoje, com nenhum caso de coronavírus confirmado entre crianças, não há o que fazer. É importante destacar que as crianças não são vítimas preferenciais do coronavírus.
Álcool em gel disponível
O hábito de usar o álcool em gel para limpar as mãos também deve ser adotado. Nas salas de aula, o produto pode ficar disponível para alunos e professores.
Sala de aula e transporte escolar
O ideal é manter os ambientes arejados. Mas atenção: crianças pequenas podem colocar as mãos para fora do ônibus e isso pode ser perigoso. Em casos como este ou em situações de muito calor, as janelas podem permanecer fechadas e o ar condicionado ligado.
Higienização de forma lúdica
Teste do guache com olhos vendados
A correta lavagem das mãos — com água e sabão, lavando punhos, palmas, dorsos e a parte entre os dedos, e esfregando unhas e pontas dos dedos na palma — é uma das medidas mais eficazes no combate à doença.
Uma boa brincadeira para ensinar aos pequenos quanto tempo e esforço devem ser dedicados a essa tarefa é usar tinta guache para ser retirada durante a lavagem.
A brincadeira é feita com os olhos da criança vendados, para que ela estime se a limpeza já foi eficaz —quando ela achar que acabou, deve retirar a venda e ver o resultado. Uma boa limpeza leva em torno de 20 segundos.
Lavar as mãos cantando parabéns
Outra forma de mostrar o tempo necessário para a lavagem correta é cantar “Parabéns a você” duas vezes seguidas. A criança deve ser orientada a caprichar na limpeza do espaço entre os dedos, além de esfregar também o dorso e o punho.
Na escola, deve secar as mãos com toalha descartável e, se a torneira não for automática, usar o papel toalha para fechá-la — ou lavar também a torneira antes.
Prova da beterraba
Quem assoa o nariz com lenço de papel deve lavar as mãos depois de fazê-lo. Para provar a necessidade disso para as crianças, faça o teste da beterraba. Ao pegá-la com um lenço, as mãos também ficam vermelhas — o que mostra que o líquido (e, portanto, o vírus que ele pode estar carregando) alcança as mãos.
Cuidados em casa
Higienizar computadores e celulares
Ao chegar em casa é aconselhável lavar logo as mãos e a dica é aproveitar este momento para também limpar o celular, com álcool em gel. Teclados de computador, na maioria das vezes esquecidos, podem também ser higienizados.
Ambientes arejados e ventiladas
Assim como na escola, as janelas de casa podem ficar abertas. Mesmo no verão, quando os vírus respiratórios não circulam como no inverno.
Fontes: Edimilson Migowski, professor de infectologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Isabella Ballalai, diretora médica da Urgências Médicas Escolares (Urmes), empresa que tem convênio com escolas para auxílio médico; e Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
Fonte: O Globo