Para a psicóloga Adriana Cabana, do grupo Prontobaby, é importante trabalhar o tema carnaval com elas antes da folia.
“É sempre preciso tentar entender como as crianças, principalmente as que possuem alguma dificuldade de interação com o meio, podem reagir a diversos estímulos ao mesmo tempo. Música alta, muitas pessoas juntas, texturas e adornos podem incomodar. E cabe aos pais a percepção de que isso pode acontecer. Afinal, esse é um momento de diversão e integração que não deve ser encarado como um sofrimento”, comenta.
Não existe uma “receita” sobre o que deve ser feito para que os pais e filhos aproveitem a data da melhor forma possível. Hoje, especialistas já sabem que mesmo que duas pessoas apresentem o mesmo diagnóstico, elas podem reagir de modo diferente a uma mesma situação.
Pensando nisso, reunimos a pediatra Patricia Rezende e a psicóloga Adriana Cabana para dar dicas de como aproveitar o carnaval com crianças com TEA. Atenção para as dicas:
Qual o tipo de bloco é indicado levar as crianças? E a partir de quantos anos elas podem participar da festa?
Não há idade certa para levar as crianças aos blocos, mas devemos dar preferência aos que reúnem outras crianças, os que são na parte da manhã ou final da tarde, por conta do forte sol, e os que são ao ar livre. Blocos dentro de ambientes fechados podem causar desconforto nessas crianças.
Existe um tempo limite para ficar com as crianças nesse ambiente?
Sim. O limite deve sempre ser dado pela criança. Pais atentos sabem o momento em que elas passam a se incomodar com o ambiente.
E se a criança não gostar, é importante ter um plano B?
O plano B é sempre se afastar do ambiente de estresse. E lembre-se: você está apresentando um mundo diferente à criança, com muitos estímulos. Isso pode ser estressante ou tolerante. Vale observar o que ela aceita e não tolera.
Que tipo de comportamento do filho e das crianças ao redor merecem a atenção do responsável?
Tente deixar a criança à vontade para entender o que está à sua volta, sempre com muita atenção. Crianças nunca devem ficar fora do campo de visão dos pais, mesmo aquelas que não possuem nenhuma necessidade especial.
É preciso ficar a uma certa distância do carro de som por causa do barulho?
Sim, isso é fundamental. Crianças autistas, principalmente, têm pouca tolerância ao barulho. Manter uma distância onde o som é confortável é fundamental.
Qual é a importância dos blocos de carnaval para vida social dessas crianças?
O carnaval é uma festa popular em que todos podem se divertir, cada um a seu modo. Levar a criança para participar é importante para a inclusão social e desmistificação de algumas patologias. Mas atenção para que esses eventos não sejam muito longe de casa, para que o percurso de ida e volta não seja fator de estresse para a criança.
O que fazer para não perder a criança?
Existem pulseiras de identificação que devem ser utilizadas quando a criança vai para aglomerações, mesmo que sejam blocos pequenos. Os pais podem colocar na pulseira o nome da criança, se tem alguma alergia e o contato do responsável.
Quais as reações mais comuns que crianças com TEA podem apresentar nesses eventos? E o que fazer para minimizar o desconforto?
Crianças autistas podem ficar incomodadas com o excesso de estímulo, lugares novos e interações com desconhecidos. Tente manter as principais atividades da criança nos horários habituais ou próximo a eles. Algumas crianças podem se beneficiar do uso de fones de ouvido para diminuir o estímulo sensorial. Mas tente evitar som muito algo e aglomerações.
Fonte: Indiretas Maternas