Não existe um consenso quanto à idade com que a criança passa a dormir sozinha em seu quarto. Algumas, já desde os 3 ou 4 anos, podem começar a fazê-lo, se os pais a habituaram a isso. O mais comum, no entanto, é que os pequenos durmam com um adulto do lado, lendo uma história para eles, por exemplo, e somente lá pelos 7 ou 8 anos consigam pegar no sono sozinhos. “Depende muito do grau de autoconfiança da criança”, afirma Patrícia Rezende, pediatra do Hospital Prontobaby, no Rio de Janeiro. Ela afirma não ver prejuízos quanto à criança se “acostumar” a dormir com um adulto. “É o esperado. Quando pensamos em termos evolutivos, a hora de dormir é a hora mais vulnerável. É normal que as crianças só se sintam protegidas com um adulto por perto”, destaca Patrícia.
Diversos fatores podem fazer com que a criança não queira dormir sem ninguém ao seu lado. Algumas questionam o exemplo que têm em casa: se os pais dormem juntos e um faz companhia ao outro, por que ela, que é menor, tem de fazer diferente? O medo de escuro, de monstros e os pesadelos são, ainda, outros motivos que levam os pequenos a pedirem a presença de um adulto no hora de pegar no sono. Se os pais querem que o filho durma sozinho, eles têm de ensiná-lo como fazer isso de forma saudável.
8 práticas para ensinar seu filho a dormir só
A rotina. Quem é pai ou mãe certamente já ouviu essa recomendação de manter todas as noites o mesmo ritual com o filho, pois isso o ajuda a entender que é hora de dormir e logo, o momento em que irá se separar dos pais. Chegada a hora do sono, vale seguir sempre a mesma sequência de atividades. Por exemplo: colocar o pijama, escovar os dentes e ler uma história ou cantar uma música. Dessa forma, a criança aprende a diferenciar quando é hora de ficar com os pais e quando é hora de ir para a cama.]
O ambiente. Diminuir as luzes e o barulho da casa ajudam a criar um clima mais tranquilo no ambiente. Assim, a criança se acalma e, ao relaxar, tem mais facilidade em pegar no sono.
A madrugada. Alguns cuidados podem ajudar a evitar que a criança desperte no meio da madrugada. Por exemplo, promover a prática de atividades físicas durante o dia (claro que sem excesso) e evitar realizá-las à noite. Da mesma forma, não fazer uso de telas pelo menos duas horas antes de ir para a cama, e no jantar, fazer refeições leves e ingerir pouco líquido.
O quarto. Se a ideia é que a criança durma sozinha, todas as mudanças para que isso aconteça devem ser realizadas no seu quarto – e não nos dos pais, por exemplo.
A naninha. Deixar na cama o bichinho de pelúcia preferido, uma manta, um paninho ou qualquer outro objeto que a criança usa desde quando era bebê é uma forma de confortá-la ao remeter a algo que lhe é muito familiar. O chamado objeto de transição é usado para passar segurança e conforto ao bebê, nos seus primeiros meses de vida, quando a mãe não está por perto. Muitos, porém, seguem usando esse objeto mesmo quando maiores.
A autonomia. Fazer com que as crianças realizem atividades próprias para a sua idade, como vestir as próprias roupas e comer sozinhas, é uma maneira de incentivar sua autonomia – e ajudar também a que confiem mais em si próprias. Ao praticar atividades sem a supervisão de um adulto, elas podem se tornar menos dependentes e aumentarem sua tolerância a ficar sozinhas na hora de dormir.
A separação. Esta, talvez, seja a prática mais difícil de incorporar à nova rotina: os pais devem deixar o quarto da criança antes dela dormir, para que aprenda a pegar no sono sem a presença de um adulto. Há várias maneiras de fazer isso. Uma delas sugere o afastamento do adulto de modo gradual: o pai ou a mãe pode sentar ao lado da cama do filho alguns minutos, depois, combinar um tempo para o ‘boa noite’ e, por fim, ficar um pouco na porta antes de deixar o quarto.
O choro. Existem técnicas que orientam os pais a deixar o quarto, mesmo se a criança começa a chorar. Patrícia, porém, sugere que, nesse caso, o pai deve aguardar um pouco. “Mas, à medida que a criança se acalme, é importante ela entender que o pai vai sair e que não estará ali a noite quando ela acordar”, diz a pediatra. Para ela, os métodos de ‘educação do sono’ que envolvem o choro supervisionado podem não surtir o efeito esperado. “A criança que é deixada chorando fica com níveis mais altos de cortisol no sangue, o hormônio do estresse. A separação do bebê do seu cuidador principal pode levar a quadros de ansiedade desde a primeira infância”.
Fonte: Canguru News